terça-feira, 24 de fevereiro de 2009

Psicofisiologia (2)

O inesquecível personagem de Fome, de Knut Hamsun, safa-se escrevendo artigos para jornais. Umas vezes folhetins, outras vezes tratados filosóficos. Tenta vendê-los ao director e é com esse dinheiro que consegue sobreviver. Aquelas em que consegue comer várias vezes ao dia são semanas de glória. O director vai fazendo reparos aos textos. Um folhetim demasiado emocional. «Porque tem sempre que ser tão apaixonado?» Um tratado muito complexo, «é na verdade brilhante, você já vê temos o nosso público… talvez simplificando um pouco, peço-lhe que reveja a apresentação das ideias principais, volte a trazer-me o texto». Entretanto o nosso personagem tenta empenhar os próprios botões do casaco para conseguir algum dinheiro: «estão quase novos, ando quase sempre com o casaco aberto!»

Sem comentários:

Enviar um comentário