quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

A Câncio não tem pachorra para os mortais

Quando penso na Fernanda Câncio (apesar disto soar mal) faço uma associação estranha com as sabrinas que as raparigas calçam. Geralmente rejeito-as mas podem ser excitantes porque dão uma visão rasteira, quer dizer acessível, e prática da vida sem necessidade de usar sapatos de salto alto e por essa auto flagelação mascarar a pouca firmeza. No entanto, a f. parece verdadeiramente um farol dos antigos. Que comunicava a proximidade de terra firme. Dá uma ilusão de segurança e intelecto-actualidade. Mas o reconhecimento entre quatro paredes é bem pouco, veja-se os auto didactas que são considerados loucos por terem encontrado no sótão o último reduto.

A Fernanda tem um real prazer na submissão do intelecto alheio. Foi vê-la imperial e desafiadora no Prós & Contras: «Porque é que não dizem de uma vez que acham a homossexualidade anormal?» Agora temos mais um exemplo do chicote. Nesta prosa largada como a gamela ao cão. Desta vez «percebe» Braga e arremete contra os «parolos» que não sabem como a arte genuína pode ser polémica, transgressora e originar equívocos, a f. muito lá de cima e adoptando uma “postura” paternalista desculpa os simples que não sabem distinguir arte de pornografia. Ela sim percebe a especificidade artística e dá uns exemplos longe do Minho. Discorre molemente sobre a sua aceitação social: não há surpresa no Minho. Devemos então deixar apreender livros por, naturalmente, serem vagamente incompreendidos e por ser essa a natureza da «obra». Mas quem? F.? Ela é tu cá tu lá com obras de arte, sem nenhuma reverência. Pois eu que não gosto de manipular a história da arte para me armar em esperto penso sobretudo que apreender livros é sobretudo uma questão de défice de entendimento sobre liberdade e não sobre arte. Tudo é pornográfico na Fernanda, apenas de uma forma um pouco mais sublimada, civilização segundo ela.

«Não há fluido». Era isto que ela queria dizer. Levitando por sobre a massa. Yes mistress.

(Nota: Em seguimento do post anterior voltei a receber mail’s a chamarem-me nomes. No meio do meu «discurso fetichista» ficou mais difícil distrinçar uma ideia elementar. Faço de propósito. Assim não fico só a dizer coisas que são óbvias para mim. O essencial: apreender livros é sobretudo uma questão de fraco entendimento sobre liberdade e não sobre arte, pior, foi numa feira do livro.)

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