Tenho em boa conta as pessoas que deambulam, que vagueiam pelas ruas, isto é, que não têm rumo certo. Existem poucas. Se não forem velhos que ocupam o tempo em voltas pela cidade provavelmente serão indigentes. Também podem ser pessoas que procuram atenuar uma ansiedade passageira ou simplesmente passear. Como Walser que passeava à volta do sanatório de Herisau. Suponho que esses passeios seriam o maior elo de ligação com a realidade e que os percursos solitários encerrariam um renovado encanto. Seria a falta de interesse em atingir um objectivo duradouro o que permitia esse encanto feliz. Como se o desinteresse sobre qualquer espécie de presença fosse precisamente a motivação para passear, maravilhando-se, como se alguém fosse um ingénuo completo ou não tivesse passado.
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