segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Samuel Riba (II)

Elogiam a utilidade dos presentes deixados em cima da cómoda e olham-me nos olhos, desejosos de vislumbrar algum sinal de ânimo ou agradecimento. Estudam o movimento do sol e mudam as flores várias vezes de sítio, pretendendo que se mantenham viçosas nos dias seguintes. Tentam explicar-me como flui a vida. Sentem-se bem, contentes com a atenção prestada. Depois de me acomodarem a almofada atrás das costas franqueiam a ombreira da porta e quase assobiam de satisfação. Afastam-se ignorantes do quão irremediavelmente estou na senda das regiões inferiores. E de como nunca renunciarei ao intenso e nunca demasiado experimentado estudo incessante do pior.