quarta-feira, 13 de outubro de 2010

A Angustia

Final do dia e vou até Betanzos. O passeio é agradável. Os diversos tons de verde misturam-se e passo por uma terra que se chama A Angustia. Depois de fazer o que tenho a fazer e depois de elogiar uma casa magnificamente restaurada, a pedra, os barrotes de madeira, o minimalismo, a suficiência energética, sendo tão convincente que até me surpreendo, aproximo-me do rio. A verdade é que a convicção deixa-me esgotado. E animo-me quando vejo os barcos abandonados, apodrecidos nas margens do rio, com as tábuas ressequidas pelo sol e algum sal da foz. Não há uma única mesa, com quatro cadeiras, na margem do rio. Para velhos beberem cerveja toda a tarde. Animados porque nunca mais navegarão. Como os barcos. Abandonados nas águas quietas. A ruína é que é a medida pensada à nossa escala.