terça-feira, 3 de novembro de 2009

Bons rapazes

A deposição lê-se no editorial do Público do dia de finados: «conscientes que estamos da percepção pública de um excesso de peso ideológico no jornal». Depois da TVI, o Público também envereda pela estrada larga que leva à gamela onde se reúne cada vez mais gente da mesma laia. No entanto, a mudança, afirmam, é baseada na qualidade, rigor e exigência que, evidentemente não podem existir a par de determinada orientação ideológica. Os editoriais deixam de ser assinados porque passam a expressar posições da instituição. Como sempre, a esperteza local compara-se com a imprensa de língua inglesa, como se vivessem num país que levita. Portugal deve ser dos últimos países onde os meios de comunicação privados se preocupam com o «rigor» (pelo menos já ninguém tem a lata de falar em imparcialidade) sem afirmarem claramente uma orientação ideológica como aqui no mais comparável vizinho do lado. Embora só seja enganado quem quer, em Portugal nada é transparente e os media preferem apascentar a audiência, tomar por estúpido, ao mesmo tempo que servem a Opinião sob a capa da «exigência». A pluralidade da democracia portuguesa está cada vez mais singular. E o que mais espanta é que tudo decorre sob a normalidade mais doentia, como se alguém abandonasse a «excentricidade» do comportamento passado e finalmente encarrilasse. Os novos entronizados alinham pela necessidade do bom comportamento, que é um abandono da linguagem, e acorrentam-se à «gestão das percepções» que é a melhor forma de se policiar e não ser inconveniente. Boa sorte para os bons rapazes.

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