quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Ruína

A monarquia. Em Portugal: é pretexto para passar quinze minutos divertidos. Em Espanha: perdeu interesse quando a Leti emagreceu vinte quilos. A brincadeira dos cavalheiros do 31 da Armada teve realmente graça. E foi um momento de singular beleza ver alguém, enquadrado com o emblemático edifício da CML, numa praça deserta, encostar tranquilamente uma escada à varanda, trepar, baixar a bandeira dos corvos na barca e subir aqueloutra bandeira esquisita. Tudo numa agradável monotonia, com uma simplicidade tocante, como se aquela edificação quadrada fosse um gavetão de cemitério e alguém fosse limpar as palavras inscritas na lápide, mudar as flores, ou mesmo trocar uma bandeira gasta pelo tempo, que para tudo há ideologias e acredito existirem mortos a quem foram hasteadas bandeiras na tumba. As pessoas, depois de se rirem, criticaram a CML e zurziram no Costa, que deve estar envergonhado quanto baste. É escusado enterrar-se ainda mais. Mais vale ter sentidinho e não tentar impingir «o respeito pelas instituições» com a inutilidade de um processo judicial. Mais uma vez, como diria Tom Zé com aquele acento brasileiro: vai ser sério assim no inferno. É óbvio que tudo isto representa o exemplo acabado do abandono. Mas como diria alguém: só a ruína nos protege de uma ruína maior.

2 comentários:

  1. Seja qual for o tema, a conversa acompanhada de um gaspacho é sempre mais amena. (Que saudades do Alentejo!)

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  2. Então, venha daí pois se há comida que não arrefece, essa comida é o gaspacho.

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