domingo, 2 de agosto de 2009

Maldade

Durante o dia só espero que anoiteça. São quatro da manhã e não posso com as pernas. Alguém mijou nos cartões que hoje fui buscar ao contentor do supermercado e que preparei para me poder deitar quando voltasse. Não acredito que tenha sido por maldade. Fui hoje mesmo buscá-los. Estavam limpos. Transportaram pacotes de guardanapos. Costumo vaguear pelas ruas até não poder mais. Assim consigo adormecer mais depressa. Ainda não me habituei a viver na rua. O pior é ao fim-de-semana. Há gente na rua até mais tarde. Não é por vergonha. A minha aparência defende-me. Ninguém olha para mim. Tenho que andar durante mais tempo para encontrar um lugar sossegado que me permita adormecer e dormir pelo menos três horas seguidas. Mas agora estou exausto e encontro os cartões mijados. Coloquei vários sobrepostos, talvez os primeiros estejam secos. Não foi por maldade.

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