segunda-feira, 6 de julho de 2009

Troca de favores

O tema da «troca de favores», baseado numa noção de rede, é muito amplo. É uma nebulosa cheia de afinidades e conexões. E pode ter muitos campos de aplicação e numerosos matizes. Podemos começar na simples e inocente boa educação «muito agradecida» e esbarrar na ética. A troca de favores pode ser meramente pontual, mas não menos prazenteira. Por exemplo, quando um casal de meia-idade com imaginação está, por assim dizer, aborrecido. Ou como entre amigos ou colegas de trabalho ou vizinhos: duas velhinhas que trocam ingredientes para o almoço. Dois bloggers que devolvem links. A troca de favores pode ser uma simples correspondente simpatia, não sendo vista como um favor em si. Também pode ser mal interpretada ou mal usada. E começamos a entrar no campo da lei.
Eu lia uma revista dedicada à vida nas aldeias onde se propunha um paralelismo entre a organização feudal dos núcleos rurais no inicio do século XX, avançando por uma espécie de desculpabilização e revisionismo do caciquismo como «forma antiga» de troca de favores, necessária e protectora do funcionamento da comunidade, culminando no funcionamento actual dos aparelhos partidários. E depois de tudo isto, embora sem necessidade de tudo isto, suspeito quando se diz de alguém que «é espectacular e dele vamos ouvir falar muito». Pudera. Quem ama não dorme.

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