domingo, 7 de junho de 2009

Música para camaleões (2)

"A sua música vive de dualidades. Tem essa dimensão ritualista, primitiva, mas os ambientes têm qualquer coisa de futurista. Tem voz de mulher, mas quando é adulterada digitalmente, parece de homem. As letras parecem confessionais, mas ao incarnar uma personagem, envergando máscaras, etc, promove um afastamento.

Gosto de experimentar contrastes, mas não o faço deliberadamente. Não me agrada a ideia de conceito. Gosto mais de trabalhar por aproximações e, sempre que me apetece, alterando a ideia inicial. Não vejo dualidades. Vejo coisas que se interligam. Como a ideia de tempo, que me interessa muito. O passado, o presente e uma ideia possível de futuro não têm que se opor. Pelo contrário, confundem-se imenso hoje em dia. O mesmo acontece com as ideias de verdade e de realidade. Quando me pinto, ou ponho uma máscara, posso ser mais verdadeira do que sem ela.

A ficção pode ser mais real do que o real.

Exacto. Acontece o mesmo com os sonhos não é? Os sonhos são sempre mais reais, no sentido de serem revelatórios, do que a realidade. Nos sonhos não existe espaço para a censura. Ou para a auto-censura. A música, parece-me, pode ter esse poder também, de ser qualquer coisa que ilumina algo que não tínhamos consciência que estava lá, mas estava."

1 comentário:

  1. Conversa parva com uma grande dose de analfabetismo à mistura. Enfim, é o que há, não é verdade?

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