"A sua música vive de dualidades. Tem essa dimensão ritualista, primitiva, mas os ambientes têm qualquer coisa de futurista. Tem voz de mulher, mas quando é adulterada digitalmente, parece de homem. As letras parecem confessionais, mas ao incarnar uma personagem, envergando máscaras, etc, promove um afastamento.
Gosto de experimentar contrastes, mas não o faço deliberadamente. Não me agrada a ideia de conceito. Gosto mais de trabalhar por aproximações e, sempre que me apetece, alterando a ideia inicial. Não vejo dualidades. Vejo coisas que se interligam. Como a ideia de tempo, que me interessa muito. O passado, o presente e uma ideia possível de futuro não têm que se opor. Pelo contrário, confundem-se imenso hoje em dia. O mesmo acontece com as ideias de verdade e de realidade. Quando me pinto, ou ponho uma máscara, posso ser mais verdadeira do que sem ela.
A ficção pode ser mais real do que o real.
Exacto. Acontece o mesmo com os sonhos não é? Os sonhos são sempre mais reais, no sentido de serem revelatórios, do que a realidade. Nos sonhos não existe espaço para a censura. Ou para a auto-censura. A música, parece-me, pode ter esse poder também, de ser qualquer coisa que ilumina algo que não tínhamos consciência que estava lá, mas estava."
Conversa parva com uma grande dose de analfabetismo à mistura. Enfim, é o que há, não é verdade?
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