domingo, 10 de maio de 2009

O Leopardo

«Tancredi não é um traidor, apenas segue as tendências actuais.» O príncipe era mais liberal com os outros do que com ele próprio, por isso nunca foi para Turim.
Depois da proposta de Chevalley para a «Câmara Alta do Reino», que ajudaria a Sicília a «ver abrir-se na sua frente o horizonte do mundo moderno», o príncipe discorre sobre a inutilidade da empreitada:

«O sono, caro Chevalley, o que os sicilianos desejam é o sono, e odiarão sempre quem quiser acordá-los, mesmo que seja para lhes trazer os mais belos presentes; e, aqui para nós, duvido muito que o novo regime tenha muitos presentes para nós; (…) a nossa sensualidade é desejo de esquecer, os nossos tiros e as nossas facadas, desejo de morte; a nossa preguiça, os nossos gelados, desejo de imobilidade voluptuosa, ou seja, também de morte; o nosso ar meditativo é o do nada que tenta desvendar os enigmas.»

Chevalley, como fiel enviado especial que era, não percebe nada. Responde:
«Mas não vos parece que estais a exagerar um pouco, príncipe? Eu próprio conheci em Turim sicilianos (…) que me pareceram tudo menos dorminhocos.»

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