sexta-feira, 8 de maio de 2009

Em busca dos posts perdidos (2)

Ao que parece a experiência é um ponto importante e enriquecedor na vida de qualquer pessoa. Resultado: há indivíduos que julgam o mundo só com base na experiência própria. Veneram-na. Adoram-na. Em rigor: não têm outra. Em conversa remetem-nos para a sua história tão comum quanto ausente de interesse. Atentam obsessivamente em pormenores insignificantes e alheios a qualquer tipo de conhecimento. Não se distanciam da sombra e fazem constantes comparações com uma situação ilustrativa do que alguém não acabou de dizer. Olham curto e de ombro a ombro. Pegam nos acasos das suas relações e começam a claudicar a confiança que coloco na vida. Experimenta-se um diálogo e enviam-nos para o «open-space» de terceiro andar lá da empresa. Despejam toda a informação aflitiva e inútil quando pressentem a mínima semelhança entre uma questão e outra. Estreitam na garganta as verdades da semana passada. Isto quando não fazem de um sucesso pontual ensinamento de vida. Incubem um trauma pessoalíssimo de explicar porque é que a Terra gira. Tenta-se duas ou três ideias e é-se interrompido com uma miséria contada de face constrangida como quem divulga o segredo de Fátima aos famintos. Citadinos atolados no pântano da sua experiência pessoal sem pontos de contacto com alguma coisa que não seja o ar viciado que sorvem. Deviam saber colocar-se um pouco na plateia.
( 2004, adaptado)

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