terça-feira, 20 de janeiro de 2009

O país da lei fácil

É óbvio que a convergência de direitos LGBT não interfere com outras reivindicações de índole mais básica e sem o estímulo da novidade. Mas deve-se questionar o que representa esta opção na escala de prioridades de um país como Portugal (a menos que se queira ficar a olhar para o espelho). Olhando o mapa percebe-se que determinadas opções tiveram uma sequência natural, isto é, evoluíram em termos de conquistas com mais repercussão até leis menos abrangentes e que corrigem injustiças "pendentes". Esta proposta de lei para além da sua leitura imediata (o ok) também tem outro significado e este sim muito pouco amoroso. O anúncio, e como não me afecta e não vejo necessidade de me mostrar altruísta ou "moderno" tendo por conseguinte uma postura distanciada, é sobretudo plástico, gratuito, propagandístico e falso. Mais: as boas intenções são desmascaradas pela não inclusão da adopção. Não corresponde a qualquer tipo de pensamento articulado. É tão-só uma forma de ganhar votos e, pior, substituir um pensamento consonante com os conhecimentos adquiridos até à data por mero "tempo de antena". A lei não confere nenhuma aura de avanço. Realça apenas o que já se sabia: a nossa desgraçada tendência para a admiração fácil por sociedades tomadas como modelos. O deslumbramento é a forma mesma de provincianismo. Demonstra também como se desistiu de tentar evoluir o país de uma forma estruturada e permanente, com ideias que não se resumam a enxertos, colagens e imitações. Por outro lado, também mostra a facilidade com que em Portugal se fazem leis, sobretudo se forem de "belo efeito".

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