segunda-feira, 30 de maio de 2011

Ao nível do chão

O centro da última metáfora girava em torno do não afastamento em relação ao chão. Viver ao nível do rés-do-chão. Recusar amavelmente subir andares. Pode-se ficar impressionado com a altura dos edifícios: mas como um protestante entrando numa igreja católica e vendo as imagens dos santos. Não subimos. Se estamos em relação, qualquer boa resposta serve, qualquer desculpa, não quero subir ao quarto andar, a beleza dura pouco, espero que me compreendas.

Tenho um plano que não sei como concretizar: viver ao nível do chão.

Os Faróis não têm uma divisão evidente. Já subiste ao cimo do Farol? Que se vê do cimo do Farol? Espaço vazio. Mar, só se vê mar. Ao Farol podemos subir e ficar o tempo pretendido. É a única excepção.

Nenhuma outra deformação a salientar. A única imprescindível, não subir. Caminhar e entrar nas lojecas onde temos tudo à mão. Fazer vida ao nível do solo, se possível não pisar alcatifas nem tapetes voadores. Adeus ao último degrau da escala. Recusado o primeiro degrau, recusá-lo como Eva devia ter rejeitado o fruto proibido.

Começa-se por habitar um piso térreo. Saio e encosto-me ao umbral. Movimento ao nível dos olhos, ao alcance da voz. Não estou de acordo contigo, este é o meu modo preciso de estar no mundo. E rio-me dos imbecis; que sucumbem perante as alturas.

Sem comentários:

Enviar um comentário