segunda-feira, 18 de abril de 2011

Alguns narradores possíveis, todos vivos

É mais velha que eu alguns anos. Passo doze horas na fábrica. Todos os dias de manhã faço o mesmo caminho até chegar ao escritório. O campino José A. aprendeu a montar a cavalo ainda em criança. Durante o dia comentavam o quanto achavam feias e antiquadas as luzes néon por cima das portas do bar. Desci as escadas em correria. As noites ao relento não são noites difíceis. A mesa estava encostada à janela e ele estava sentado de costas inclinado sobre dois cadernos. Quando era guarda-nocturno fui escalado para fazer vigilância num circo. O empregado escutava distraído. Acordei com o barulho de uma rajada de vento a sacudir o lençol estendido. A melhor forma de chegar a falar com ela seria manter algum contacto visual anterior. Anunciava um papel de mesa afixado na porta do restaurante. Conheci o poeta J. A. no meio de uma manifestação destas que agora se convocam por meios remotos. O caso é este: ela estava deitada na relva a estudar um manual de computadores enquanto ele estava sentado na mesa de madeira. Hoje sonhei a noite toda com uma amiga de infância.

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