domingo, 25 de outubro de 2009

A modernidade instalada

Tanto que se pediu por ela e um dia, sem o bloco de esquerda a anunciar, a modernidade instalou-se. Abancou numa mesa de uma das esplanadas da rua das Portas de Santo Antão e pagou um pires de camarões a uma miúda que veio para a cidade tentar ser actriz. Fodeu-se. Ninguém esperava, aguardava toda a gente de repente igual, contente por mamar e contente por não mamar, um mundo giro, pessoas a levantarem-se com estilo às sete da manhã. Almeirim ficava tão longe da modernidade instalada. Servia tão bem o propósito de uma história real, sem moral, ser assim e pronto, com coragem, e afinal um pires atirado para cima de uma mesa, numa esplanada ao lado da casa onde decorrem as audições para o La Féria, o mundo não é nada do que um gajo quer. Mas hoje à noite isso vai mudar, alguma noite tinha que mudar, hoje a modernidade instalada não vai fazer sugestões, nem enfiar o altruísmo pelos olhos. Vai conquistar com amor e carinho. Era só isso que o Álvaro Pombo dizia; é dispensável ser militante se sabes inventar palavras que sosseguem.

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