quarta-feira, 2 de setembro de 2009

O meu problema com metade de um livro de Thomas Pynchon

Com Thomas Pynchon até tomei o cuidado de começar pelo princípio, isto é, pelo primeiro livro editado (em espanhol): La subasta del lote 49. Pynchon escreve um livro de dez em dez anos. Nunca aparece nem dá entrevistas. Embora isso só por si não qualifique nem desqualifique ninguém. É uma opção antipática que eu aprovo. Há quem o considere, eu duvido, um dos melhores escritores norte-americanos da actualidade. Os livros são longos e com histórias intricadas. Pynchon escreve para ele próprio e, começando por aí, continuamos com as opções antipáticas que me são simpáticas. Mas ele está longe de criar um «universo paralelo» ou esse tipo de tontices que se dizem agora nas contra capas de alguns livros. Pynchon não tem um «objecto» nem tem antecedentes. Mostra uma capacidade de imaginação notável para inventar histórias relativamente originais naquilo que é o pormenor. Inventa vidas do princípio ao fim, uma trabalheira, mas depois os personagens caracterizam-se essencialmente por terem muitos problemas oficiais, isto é, deparam-se com o peso que a imparável máquina colectiva engendra. Quero acreditar que é isso que ele quer demonstrar, a vacuidade das coisas, sem em nenhum momento o dizer, que é outra escolha para mim idónea. Refere muitos exemplos, casos típicos e tomadas de decisões antes do sol-pôr. Fica-se com a ideia que TP teve um pai com muitos irmãos e durante anos a sua vida foi influenciada pelos contratos e partilhas entre o pai e os tios. Suspeita-se que o pai, o primogénito, foi quem teve que assumir a responsabilidade de deixar satisfeitos todos os irmãos. Sem outras remissões, TP pode ter sido fortemente influenciado por todo esse longo processo. E é por isso que ele é assim agora. Segundo se vê, hoje em dia há influências para todos os gostos.

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