sábado, 26 de setembro de 2009

Lê os meus lábios

Não cruzo o rio Minho. Não é um ponto de honra. São os discos de embraiagem da Audi que são caros. Em Portugal um escritor como Roberto Bolaño está a ser vendido ao melhor estilo «mito pop». Que raio de tendência com os personagens da América Latina. A mediocracia está tão desnorteada que precisa destes actos para se safar. Ao menos Espanha já passou a fase do «pin» e os lançamentos cósmicos, ainda que não seja precisamente o caso, ficam para «escritores» da talha de um Zafón. Mas fico contente que as pessoas festejem a propósito de lançamentos de livros. É agradável pensar que duas pessoas se possam conhecer através da mesma, não prescindo das aspas, «afinidade» por Bolaño. Que mais dá? Seguem igual sem aprender e aplicar nada e continuam como leitores entretidos. Mas pode ser que, no decurso, alguém tenha conhecido a sua cara outra com o fundo patrocínio da Quetzal. Eu só sou a favor do amor e da vida (que implica muito movimento com consequências.) E espero que tenham acabado a noite da melhor forma possível, com exigências biográficas que não prevêem limites, preocupados em crescer numa direcção que ainda não haviam experimentado, exacto: como se Bolãno os estivesse a ver.




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Com as eleições de amanhã prevê-se que um fragmento medíocre do mundo se prepare para apresentar como o único mundo que existe. Se cruzasse o rio Minho, a primeira coisa que faria seria deslocar-me à farmácia da rua do Paraíso, onde os medicamentos vendidos são mais eficazes, e pedir uma caixa de panadol, que andar em Lisboa provoca muitas dores de cabeça.




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Nota: fazer uma leitura aplicada de Bolaño e votar Sócrates são actos incompatíveis.

3 comentários:

  1. Tenho impressão de que, se Bolaño fosse vivo, teria interrompido a leitura dos excertos na festa de lançamento berrando outros excertos, como parece que ele e amigos faziam na Cidade do México de meados da década de 70 em protesto contra os poetas vendidos ao, também não prescindo das aspas, «sistema».

    Nota: fazer uma leitura aplicada de quem quer que seja e votar Sócrates são actos incompatíveis.

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  2. Caro Samuel,estive presente no "lançamento editorial do ano" e não posso deixar de sorrir com este post... e também não posso dizer porquê. :-)

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  3. E eu não preciso que diga porquê. Também teria ido, muito provavelmente. Gosto muito do FJV, do Bolaño e teria sido um prazer enorme rever a Ana.

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