sábado, 5 de setembro de 2009

Günter Grass

Agosto de 2006 foi um mau mês para Günter Grass. A «Opinião» que emite sempre na mesma sintonia e versada na «gestão de percepções» aproveitou as confissões que apareceram em Descascando a Cebola; Günter Grass, enquanto jovem, pertenceu às SS. Essa confissão parece ter, num ápice, apagado toda a vida posterior do escritor alemão, tomado como referência para a esquerda europeia, e levou-o a uma espécie de degredo moderno, através de várias condenações sumárias incapazes de prever a complexidade e a contradição do «artista enquanto jovem». Que brote um erro iniciático para que desapareça toda a vida ulterior. Sobre esse mês «quente» foi lançado recentemente, em edição espanhola, Payaso de Agosto que não tenta ser uma redenção de GG mas a memória, sob a forma de poesia e alguns desenhos disformes, desse mês de desterro moral – e de tristeza. Foi por isso mesmo que este blogue se chamou Palhaço de Agosto. Porque desaprova a transformação rápida em figura danada de alguém que, afinal, não fez mais que se apresentar na sua face mais humana, a do erro de quem se predispõe a escolher.

Nota: Payaso de Agosto foi editado pela Bartleby Editores. Que é um nome muito apropriado para uma editora.

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