Manuela Ferreira Leite

A Manuela Ferreira Leite caracteriza-se, essencialmente, por não existir. E esse facto é o que mais joga a favor dela. A única forma de combate a Sócrates é pela não afirmação, ou seja, Sócrates é um nada com orgulho, funciona através da repetição, e isso confere-lhe uma facilidade na linguagem. MFL é o nada absoluto. MILF prova como também se pode ser nada sem o empenho que Sócrates e seus lambedores colocam em todos os actos. A não existência de MFL ironiza a existência infantilizada do líder que tanta gente crê ser o mal menor e, incrivelmente, a quem querem entregar a maioria absoluta. Sócrates para poder existir precisa deste contexto que é do tamanho da vergonha na cara que ele não tem. MFL precisava de «entendimento» mas o contexto não o permite. De qualquer maneira a partir do momento que MFL apelasse ao entendimento sobreviria o seu passado e o contexto, a Opinião, rapidamente a enviava para o espaço. Mas são os dois uns nadas, que apesar de tudo, cumprem um papel importante na subsistência da democracia. É preciso que alguém o cumpra. O admirável líder tem uma presença construída com minúcia. Qualquer tentativa de igualar nem que fosse só o seu perfil, ou seja, uma foto mesmo tirada de lado, caíria no ridículo. Perante Sócrates é necessário alguém dissolver-se e assim parodiar toda a sua vaidade. Não há enigma. Um acto poético seria votar em MFL: ela não existe, mas é de propósito, ela realça a inexistência de Sócrates e da forma mais cruel.