terça-feira, 2 de junho de 2009

Hit me baby one more time

Os gajos são giros e têm um certo estilo. Eu adoro barba. Mas estamos a falar de quê? Para um solitário dos bons o que os The National transmitem é pouco ou nada. O solitário dos bons não se comove com uma voz a engolir o microfone, uma voz falsa que incomoda, precisamente, o solitário dos bons. Não procura, ou por fastio ou por necessidade, festinhas na cabeça, saudável convivência ou «bons sentimentos». O solitário dos bons tem pouco interesse em ser porreiro, nem quer injecções de melancolia administradas só porque a presença de determinado «estado de espírito» é sedutora. Tomam-se comprimidos para dormir e ouve-se aquilo para ficar, com enorme perda para a palavra, «reflexivo». Ou para ficar um pouco triste. Desilude rapidinho. Um solitário dos bons não acredita numa única letra dos gajos, não gosta de ser enganado. Depois, não se consegue fixar só no produto final. Existe uma diferença enorme em fazer música porque se está fodido ou manipular música para tentar foder alguém que já está a jeito. O grupo serve de crachá. É um apontamento oxigenado no vazio. Plano o suficiente para conseguir «convergência». É por isso que é sobrevalorizado. Um grupo que, não arriscando, consegue forjar uma aura de «interesse» sobre quem o nomeia. Bom para fazer amigos, que é um tempo bem empregue mesmo para quem tem livros em casa. Perfeito para a «coincidência» de gostos das raparigas que aos 20 anos não gostavam de ser tocadas pelos namorados nos bancos de jardim. A chave melancólica também é um produto (lamento) e encontra na fidelidade do seu público uma vantagem. Apesar de tudo, conceda-se, é um produto menos acéfalo se comparado com a Britney Spears.

Por isso, o maradona fez o que alguém tinha que fazer: postar um tema dos Lemon Jelly, In the Bath, depois de chamar filhos da puta aos The National.

1 comentário:

  1. Bem, eu devo dizer que só conheci os The National com Boxer porque normalmente desvalorizo tudo o que é bandazinha que aparece. E nessa altura interessou-me, achei engraçado. Vi-os em Guimarães e o concerto foi banal, apesar do cenário ser extraordinário. Mas claro, o cenário não era responsabilidade deles.
    Desde então pouco mais ouvi os senhores. Até porque o aparecimento de Dodos abafou tudo.

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