segunda-feira, 11 de maio de 2009

Em busca dos posts perdidos (3)

É isto que quero dizer. «O errante» não pode servir vários interesses ao mesmo tempo, como está de moda. Só os do próprio. Não consta que essa forma de trilhar tenha alguma vez resultado em algum sucesso. Não se devia dar muita importância ao que se ouve e no entanto é aí que o ouvido gosta de apurar a escuta. Os sentidos desatados justificam-se melhor. Não gosto do resultado que olhar a vida de lado origine. Tudo o que é fácil de pintar será penoso de ver. Que mais? Quer-me fugir o pé para a leviandade e sobre ela discorrer de modo tão apaixonado que me tornaria desagradável. Pois bem: eis que se envia «o errante» para o caralho. Como é possível ser assim tão grosseiro? É fácil. Alguma decisão tem que ser tomada. «O errante», que tanto tempo andou a corroer a auto-estima, essa malandreca a quem há que dar muitas festinhas e manter sempre disponível a uma voltinha, a suar com odores inesquecíveis tantas t-shirts, ele que insinuava que determinada belle de nuit estivera muito retraída nas horas que estiveram juntos. «O errante», o vadio vamos, carrega um diamante em bruto que só é avaliado quando regressa e se constitui como um homem estabelecido. Ao errante tudo o seduz e alicia. Por muito pouco entrega o corpo. Que bonito serviço. Convocar um machado e suspendê-lo por cima da vadiagem; com uma pancada seca furtamo-nos a piores trabalhos.
(2004, adaptado)

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