quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Vicky el solo estar contigo me provoca gastritis

Javier Bardem, num filme de Bigas Luna (Huevos de Oro), aparece no papel de um construtor civil que enriquece construindo arranha-céus em Benidorm. E depois o grande erro de planeamento: logo no dia seguinte vi, finalmente, esse domínio da «linguagem urbana» actual que é Vicky Cristina Barcelona. Desde o «conflito» entre paixão e dever, que como não é louco nem trágico (esse WA já não existe) e apenas normalóide aborrece-me um pouco, até à presença infantil de um «narrador» que é o indício remoto de alguma ironia de WA ao fazer um filme perfeitamente «plano». Tudo muito reconhecível e plasmável num convívio sortudo e variado de quinta-feira à noite.

Demorei o meu tempo a separar as duas interpretações do sempre jovem Bardem. Principalmente porque concretiza nos dois filmes o desejo de ver brincar duas meninas. Maria de Medeiros e Maribel Verdú, no caso de Bigas Luna. Sinal dos avanços na Península, agora já não é um construtor civil novo-rico e sim um artista quem potencia a fantasia. As diferenças continuam na diplomacia de Juan António e no calor e pressa de Medeiros e Verdú. Depois: um Javier Bardem improvável, embora lindíssimo, uma Scarlett Johanssen recém-chegada de Tóquio, como se só tivesse retocado o estado de espírito em função da cidade, e claro, sempre boazona, uma Rebecca Hall convincente e corroborada pela ausência de mamas, finalmente, uma Penélope Cruz verdadeira alma do filme. Recupero Bigas Luna e dou-lhe quinze anos de desconto. Huevos de Oro não é um filme mau, ou pelo menos não tão pior que este blockbuster tipo sexo e a cidade em versão Sininho.

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