sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

De antologia

Não é minha intenção criar «altares» sobretudo porque a dessacralização é uma tarefa melhor condizente com o estatuto «aqui em baixo». Mas a inclusão de João César Monteiro, Dinis Machado ou Luiz Pacheco na «Antologia do Humor Português» junto com Rui Tavares, Nilton, Rui Reininho, Clara Ferreira Alves ou António Victorino d'Almeida é uma brincadeira que, não estando totalmente desprovida de «graça», roça a palidez e alguma sensaboria. Apelativo para o leitor, digamos, que ri para não chorar. Não há que dedicar muitas linhas. Reafirmo: estou muito longe dos pedestais e, claro, somos todos amigos e obviamente gostamos de passar um bom bocado. Tudo normal e necessário. Ver o nome de César Monteiro assim mesclado lembra-me da vez que por acaso dei com a Avenida João César Monteiro, ou seja, uma pequena estrada que cumpre um acesso a Chelas. Qualquer tipo de memória é melhor que o esquecimento? Nem sequer se trata de memória. E César Monteiro nem agradeceria esse tipo de honrarias. Ou não soubesse que quem espera por sapatos de defunto morre descalço. Apreciável seria uma edição mais ou menos coerente das prosas, o que está editado pela &etc (quase sempre indisponível), alguns guiões, as críticas que fez. Mas é notório o esforço que é feito todos os dias para que tudo seja «a mesma merda» sem lugar a grandes excepções. Conseguem-no de forma deslumbrante.

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