quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Viva a liberdade

A cobardia da Europa no pós-11 de Setembro vai tendo, ainda, novos desenvolvimentos agora com o nosso ministro dos estrangeiros a colocar a liberdade em terrenos ambíguos.

Vão-se lendo histórias de repensar a liberdade, colocando-a numa perspectiva «evolutiva». É o que dá perceber a liberdade negativa de Berlin de modo acabrunhado. Escolhendo, prefiro a defesa apaixonada da liberdade, que não significa respeito, nem defesa de moral, nem conceitos preparados para colocar os fracos e incapazes numa posição de vantagem. Percebo a ideia que centra o objecto como ponto fulcral da questão, a saber: o medo das consequências do confronto directo com o Islão, ou melhor, o que está na verdade em causa, o poder corrupto e opressor que instrumentaliza a religião, consequência da motivação incontrolável pelo poder. As caricaturas foram desenhadas porque existe terrorismo, não derivam de uma religião que é o Islamismo, derivam de uma leitura do terrorismo que é agravada com a ideia da «salvação» e de Deus. Neste ponto não vejo porque sentir ânimo especial em chamar jornalistas extremistas nórdicos, de inspiração duvidosa aos «desenhadores» e editores. Não saindo, se a ele nos continuamos a dirigir, do sentimento «medo», o meu prende-se antes de mais, com os danos no livre pensamento e crítica, bem como na crescente auto-censura na sociedade ocidental, um retrocesso em séculos de avanço civilizacional, e na prática um constante reexame da consciência independente e atenta. O que ainda vai constituindo o melhor exemplo de sociedade, se não é exportável, não é pela transigência que se afirma. Claudicar nos valores essenciais seria um abaixo-assinado que ditadores de dedo em riste receberiam com agrado auxiliando-os na manipulação redobrada dos «crentes». Não existe ideia jacobina misturada com prudência que me convença a tirar margem ao nosso espaço de liberdade. Nem imagem de apedrejamento que me abale.

[E mais logo está marcada Manif.]

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