sexta-feira, 17 de outubro de 2008

Certeza do pior

Há pouco estava a olhar para a estátua do Che Guevara (falso) e a magicar na meia-idade do Ángel Seoane (verdade), e pensei que um personagem de Vila-Matas dizia, também por volta dos 50 anos, que determinada escolha foi tentada para ter a certeza do insucesso.
Antes de vir para Espanha ouve uma amiga que me contou um episódio de índole semelhante. Foi convidada por um «colega» para passar um fim-de-semana no Algarve com mais dois casais. Ela tinha quase a certeza que aquilo iria acabar em festa, isto é, numa espécie de regabofe com os quartos de casal já distribuídos. Ela partia com o propósito num fim-de-semana bem passado, mas não estava disposta a tudo. Idealizava já o desfecho mas queria ter a certeza. Precisava de uma explicação das coisas mas não apenas distanciada e presumida. Também tinha uma espécie de esperança ingénua. Correu conforme sabemos e ela regressou de madrugada. Esta história… bom as pessoas vivem e as histórias existem e é tudo. O personagem de Vila-Matas tentou uma vida comum e casou-se, não quis ser confundido com o medroso dos percursos normais, um misógino. A minha amiga não quis ser confundida com uma puta.

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