quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Aquele querido mês de Agosto (III)

Imediatamente antes de começar a exibição do Querido Mês de Agosto passou o trailer de «Baile de Outono», um filme de um realizador da Estónia mas que poderia ser realizado em qualquer periferia de uma grande cidade europeia. Depois da memória do trabalho de Miguel Gomes aquele que em condições «normais» seria considerado um filme «a ver» passou rapidamente à categoria disgusting. Uma das cenas, passadas em flash na apresentação do filme, mostra uma mulher a fumar de forma displicente (que outra forma poderia tomar?) enquanto no quarto ao lado um casal, homem e mulher (parecem existir outras opções), fodem e de uma forma realmente estúpida e caricata porque sendo o acto por trás ele não a agarra, nem nas ancas, nem nos ombros, nem nas mamas (numa postura de cobertura total seguindo a curvatura das costas). Suponho que se existisse um espelho por perto o homem apenas olharia para si e o seu egoísta movimento pélvico. Vómito contido porque o esófago não tem culpa nenhuma. Temos que entre a verdade mais simples só poderá obstar com semelhante sucesso a ironia, muito afastada daquele «baile» a dois em que só um dançava. Donde se pode considerar que a única ironia presente nas duas películas está na coincidência acertadíssima na sucessão das estações do ano. Mês de Agosto, baile de Outono. Vantagem clara para o pino do Verão.

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